Educação e Interpretação do Património

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Ferramenta No. 7: Educação e Interpretação do Património

Educação e Interpretação do Património

Utilidade desta ferramenta

A Interpretação do Patrimônio (IP) é usada para:

  • Planeamento e gestão dos recursos patrimoniais de um território para o uso público.
  • Gerar suportes interpretativos (painéis, visitas, audiovisual, suportes digitais, etc.) para os bens patrimoniais e do território.
  • Sensibilizar o público exterior e a população local para a proteção do patrimônio.
  • Investigar e valorizar espaços e recursos culturais e patrimoniais relevantes para a população.
  • Envolver a população no trabalho de planejamento e de pesquisa do território e do património, bem como na formação de especialistas locais em técnicas interpretativas.
  • Delimitação participativa do território e sua dimensão patrimonial .
  • Tornar visíveis outras (ou novas) narrativas, discursos e interpretações sobre o território e sobre os bens culturais e patrimoniais.

Descrição da ferramenta

A IP é uma disciplina que navega entre diferentes áreas e metodologias e visa gerar meios interpretativos e mensagens comunicacionais entre os recursos patrimoniais (naturais e culturais) e os públicos. Sua definição evoluiu desde seu nascimento há quase um século.

Heritage interpretation refers to all the ways in which information is communicated to visitors to an educational, natural or recreational site, such as a museum, park or science center. More specifically it is the communication of information about, or the explanation of, the nature, origin, and purpose of historical, natural, or cultural resources, objects, sites and phenomena using personal or non-personal methods. Some international authorities in museology prefer the term mediation for the same concept, seguindo o uso em outras línguas europeias.

Propósitos da interpretação do Património: Fascinar, não explicar. Maravilhar, não ilustrar. Envolver, não ensinar. O processo é: provocar, correlacionar, revelar.

Selecionamos os dois mais utilizados no campo profissional e acadêmico:

  1. Associação de Interpretação do Património (1996): A arte de revelar in situ o significado do patrimônio natural, cultural ou histórico ao público que visita esses lugares em seu tempo de lazer”.
  2. Associação Nacional de Interpretação (2000): “A interpretação é um processo de comunicação que produz conexões emocionais e cognitivas entre os interesses do público e os significados inerentes ao recurso”.

Freeman Tilden (1957), um dos pais da interpretação, formulou uma série de princípios interpretativos, que continuam a ser a base da disciplina:

  1. Qualquer forma de interpretação que não relacione os objetos que apresenta e descreve a algo na experiência e personalidade dos visitantes será totalmente estéril.
  2. A informação, como tal, não é interpretação. É revelação baseada em informação. São duas coisas diferentes. No entanto, toda interpretação inclui informações.
  3. Interpretar é uma arte que combina muitas artes para explicar os assuntos apresentados; e qualquer forma de arte, até certo ponto, pode ser ensinada.
  4. A interpretação visa provocar, não instruir.
  5. Deve ser a apresentação do todo e não das partes isoladamente, e deve abordar o indivíduo como um todo e não apenas uma faceta do indivíduo.
  6. A interpretação para crianças não deve ser uma mera diluição do que é entregue aos adultos, requer uma abordagem radicalmente diferente. Precisará de programas específicos.

Objetivos

A IP tem dois tipos de objetivos. Por um lado, os objetivos gerais são direcionados ao recurso. São os objetivos relacionados à gestão, qualidade e fruição da vista, uso adequado do recurso e rentabilidade social, cultural e econômica. Já os objetivos específicos são aqueles voltados à comunicação, ou seja, são direcionados ao visitante. Esses objetivos são divididos em três (Morales, 2001):

  • Objetivos educativos – o que queremos que os visitantes saibam.
  • Objetivos emocionais – o que queremos que os visitantes sintam.
  • Objetivos atitudinais – o que queremos que os visitantes façam.

Os grupos-alvo são membros da comunidade local, organizações, profissionais de interpretação do património. É conveniente convidar vários e diversos stakeholders para o processo, a fim de obter diferentes perspectivas. É aconselhável trabalhar em dois níveis: formação em interpretação patrimonial e aproveitamento do que os especialistas em interpretação patrimonial da comunidade podem contribuir.

Esta ferramenta pode ser aplicada em qualquer nível de existência do ecomuseu, seja em sua fase de projeto ou em um ecomuseu existente e consolidado, pois o trabalho com a interpretação do património é uma ferramenta sempre válida tanto na conformação do projeto do ecomuseu como em um ecomuseu existente.

Orientações para aplicar a ferramenta

Planejamento Interpretativo:

Qualquer ação interpretativa deve ser previamente elaborada com metodologias e objetivos específicos. O planejamento é um processo de análise de meios, serviços, programas, recursos, pessoal e qualquer outra variável propícia à transmissão de mensagens. Permite-nos comunicar significados de forma interessante e eficaz, contribuir para a satisfação das necessidades do visitante, proteger o recurso e melhorar a qualidade de vida dos habitantes locais. Em outras palavras: Planejamento. Permite-nos analisar e tomar decisões; em última análise, para gerir a identidade, o património e o desenvolvimento económico. Deste planejamento emergirá o plano interpretativo que é o documento resultante do processo de planejamento.

Illustration 1. Fases do Planejamento Interpretativo
Fonte: elaboração própria com base em Morales, 2001.

O planejamento é um processo contínuo de análise que não é fechado e está aberto a mudanças para sua evolução e aperfeiçoamento (Morales: 2001, 171). É constituído por 8 fases que englobam o que se pode considerar como planeamento estratégico, desde o primeiro contacto com o território e os recursos, o trabalho documental e de campo, a análise do ambiente e a ponderação das variáveis que vão delimitar as mensagens interpretativas, e a execução e avaliação do plano interpretativo (Figura 1).

Inventário e compilação de informação, uma vez que o inventário terá uma fase cumulativa, mas na sua fase evolutiva será selectivo, utilizando a informação mais relevante para o cumprimento dos objectivos interpretativos; e 4. Análise, pois é aqui que se refinam as informações compiladas, selecionando o que mais auxilia o conhecimento do público (atual e potencial), os conceitos e ativos essenciais ou interessantes para interpretação, os espaços e infraestruturas existentes ou com possibilidades de ação. Da mesma forma, o peso é dado aos ativos que são mais representativos ou que permitem oportunidades óbvias de interpretação.

Meios interpretativos

A forma de aplicação dessa ferramenta é com a criação de mídias interpretativas pessoais e/ou mídias interpretativas não pessoais.

TIPO SUB-TIPO VANTAGENS DESVANTAGENS
Marcas e painéis Sinal de informação, sinal interpretativo, sinalizadores informação preventiva Informações claras e relevantes
Custo reduzido
Manutenção mínima
Estática
Você é frequentemente alvo de vandalismoPossível impacto visual
Publicações Brochuras, guias e cartazes Leitura rápida

Custo reduzido

Coleta informações sobre serviços

Serve como souvenir

Pode ser consultado a qualquer momento

Eles produzem resíduos

Estática

Está desatualizado.

Mecanismos audiovisuais automáticos Vídeos, projeções, recursos sonoros, etc. Informações de qualidade

Gerar ou complementar a atmosfera

Eles motivam a visita.

Eles fornecem informações específicas

Alto custo

Eles exigem infra-estrutura e fontes de alimentação.

Necessidade de controle e manutenção

Meios não pessoais ou não assistidos são aqueles que não requerem a presença do intérprete; a mensagem interpretativa é transmitida através de outros mecanismos e elementos, como sinalização, publicações, itinerários autoguiados, mecanismos audiovisuais automáticos, etc. dispositivos, animações, workshops, etc.

TIPO SUB-TIPO VANTAGENS DESVANTAGENS
Equipa especializada Jogos, oficinas, atividades criativas, brinquedotecas, explorações sensoriais, etc. Informação suplementar.

Motivam a visita e a experiência.

Promoção da conscientização e da empatia.

Precisam de profissionais qualificados.
Exigem condições e materiais especializados
O visitante deve estar motivado (duração)
Mídia audiovisual operada por funcionários Vídeos, projeções, recursos sonoros, etc. Informações de qualidade

Gerar ou complementar a atmosfera

Eles motivam a visita.
Eles fornecem informações complementares

O intérprete pode interagir, responder perguntas, etc.

Alto custo
Eles exigem infra-estrutura e fontes de alimentação.
Precisa de controle e manutenção
Eles precisam de pessoal especializado.
Visita Visitas guiadas, serviços espontâneos, passeios em veículos motorizados ou não motorizados Contato pessoal.
Experiência motivadora
Habilidades necessárias (passeios com veículos)
Nem sempre pode ser adaptado a todos os grupos.
Eles dependem do clima.Medidas de segurança específicas.
Animações (história viva) Passivo (o público não interage) ou ativo (o público interage) O intérprete pode comentar, fazer esclarecimentos, etc.
Motiva a visita e a experiência.Exemplificar.
Não recomendado para grandes grupos.

Precisa de pessoal especializado e voluntários.

Materiais de apoio

A forma de aplicação dessa metodologia é por meio de oficinas. Essas oficinas devem ser ministradas por um especialista em IP e serão adaptadas ao meio interpretativo a ser gerado. A duração das oficinas é de 8 a 16 horas.

Referências:

Ham, Sam H. (2014). Interpretación – Para marcar la diferencia intencionadamente. Sevilla: Asociación para la Interpretación del Patrimonio.
Mateos Rusillo, S.; Marca Francés, G .; y Attardi Colina, O. (2016). La difusión preventiva del patrimonio cultural. Gijón: Trea.
Mateos Rusillo, S. M. (Coord.) (2008): La comunicación global del patrimonio cultural. Gijón.
Morales Miranda, J. (2001). Guía práctica para la interpretación del Patrimonio: el arte de acercar el legado natural y cultural al público visitante. Sevilla, Junta de Andalucía.
Tilden, F. (2006 [1957]): La Interpretación de nuestro Patrimonio. Sevilla: Asociación para la Interpretación del Patrimonio. Sevilla.
Valdés Sagüés, Mª. C. (1999). La difusión cultural en el museo: servicios destinados al gran público. Gijón: Trea.

Autorias

Lisa Pigozzi, Nunzia Borrelli, Raul dal Santo, Silvia Dossena, Lucia Vignati 

Coordenadores Científicos