Este módulo é focado em abordagens práticas e ferramentas que podem ser úteis no processo de conceção e desenvolvimento dos ecomuseus. Refere-se a uma sequência de etapas e passos a serem percorridos no processo de planejamento participativo, como a elaboração da visão, a realização do diagnóstico da situação, a definição da missão e dos objetivos, a busca de soluções e a determinação das atividades e tarefas necessárias, e o desenvolvimento do plano de ação. Especial atenção é dada à metodologia de diagnóstico e às suas ferramentas. No processo de planejamento do ecomuseu vale a pena incluir princípios e ferramentas de interpretação do património. A parte final do módulo permite analisar vários aspetos da operação do ecomuseu que devem ser levados em consideração no processo de planeamento para garantir a sustentabilidade do ecomuseu.
O principal objetivo deste módulo é fornecer o conhecimento necessário sobre o desenvolvimento e a sustentabilidade do ecomuseu, incluindo:
O principal resultado deste módulo será a compreensão do desenvolvimento de um ecomuseu, o seu passo a passo, de forma abrangente. Ele fornecerá modelos e exemplos baseados em Melhores Práticas de ecomuseus. Ele fornecerá conhecimento prático para ser usado em todas as etapas do desenvolvimento do ecomuseu.
Compreensão dos seguintes pontos:
O planeamento é uma sequência de etapas, um método para atingir metas, uma receita para o trabalho em equipe, uma visão de futuro a ser implementada. Pelo planeamento pode-se prever e evitar dificuldades, aproveitar as oportunidades, realizar o objetivo das atividades, mobilizar-se para empreendimentos mútuos, subordinando comportamentos a objetivos próprios. Um dos efeitos importantes do planeamento é certificar-se de que existe um processo possível de implementar que servirá para alcançar os objetivos.
O processo de planeamento do ecomuseu será sempre realizado num ambiente particular que é essencial compreender, logo, este terá de ser sempre o primeiro passo.
O processo de planeamento é definido de forma diferente por vários especialistas e consiste em várias etapas. No caso de um ecomuseu, é importante começar a ter uma visão geral antes de planear.
A missão do ecomuseu refere-se à mudança que a entidade quer introduzir no mundo e nos seus valores. Formular a missão do ecomuseu é o principal passo para, então, começar a definir objetivos específicos, que servirão de base para as atividades a serem desenvolvidas.
Uma definição adequada de metas é essencial para a sua implementação. O conceito SMART pode nos ajudar a desenvolver os objetivos do ecomuseu. Seu nome representa as primeiras letras de cinco características de objetivo bem definido.
Todos os objetivos devem permitir a realização da visão do ecomuseu. Este é também um bom momento para descrever o conceito geral do ecomuseu.
Objetivos bem definidos devem ser a base para o desenvolvimento do plano de ação.
Quanto mais específico for o plano de ação, melhores serão as diretrizes para sua implementação. Terá de ser estruturado de acordo com os objetivos, que incluirão uma lista de tarefas para a sua concretização. Os critérios para medir o sucesso devem surgir do objetivo bem definido e permitir avaliar a sua concretização. É importante indicar o prazo para a realização de cada tarefa e definir o ponto de partida para definir também o cronograma de execução. Para a implementação de cada tarefa, serão exigidas a garantia de todos os tipos de recursos necessários, por ex. físico, financeiro, humano. No caso de haver mais parceiros envolvidos, é útil definir o líder de cada tarefa, a pessoa que será responsável pela sua realização.
Na elaboração do plano de ação é importante definir as prioridades, e as tarefas devem ser analisadas tendo em conta a sua importância e urgência. É importante especificar quais são as tarefas que são mais relevantes para o conceito como um todo ou para a realização de outras tarefas. Algumas tarefas podem exigir desembolsos financeiros significativos, portanto, devem ser adiadas até que os fundos sejam levantados (a captação de recursos em si também pode ser uma tarefa neste caso).
A fim de envolver as instituições, organizações, empresas e pessoas das comunidades locais, o processo de planejamento do ecomuseu deve seguir uma abordagem participativa. Esse planejamento deve ser baseado em reuniões, workshops, trabalhos de campo – permitindo a troca de informações, reflexões, ideias e gerando novas abordagens e formas de implementação muitas vezes inovadoras. Essas conclusões tiradas do diagnóstico devem ser usadas como ponto de partida.
O planeamento não deve ser limitado a uma fase inicial de desenvolvimento do ecomuseu, pois o ecomuseu é um empreendimento dinâmico. A operação, gestão e eficácia do Ecomuseu devem ser monitoradas e avaliadas regularmente. As conclusões e recomendações da avaliação devem ser a base para o processo de planejamento e podem se referir a todo o ecomuseu (algumas mudanças sistêmicas) ou a aspetos selecionados da operação e gestão do ecomuseu.
Compreensão dos seguintes pontos:
O diagnóstico serve para conhecer a situação, avaliar as possibilidades de desenvolver os aspetos da comunidade e da área, e solucionar problemas, inclusive com o melhor entendimento de sua essência e suas causas. Permite conhecer as diversas opiniões e pontos de vista da comunidade e recolher ideias e sugestões de várias pessoas e instituições. É uma forma de coletar, analisar e interpretar dados. É também uma boa oportunidade para divulgar a ideia de lançar e desenvolver um ecomuseu.
O diagnóstico do ecomuseu deve incluir uma análise complexa do potencial patrimonial, das suas características específicas, do seu estado de conservação, dos elementos que se encontram em perigo e dos recursos que podem ser tidos em conta (e.g. infraestruturas, estado de propriedade). É muito importante ver o patrimônio de forma ampla e pesquisar seus aspectos naturais e culturais, tangíveis e imateriais. É importante desenhar o escopo e o procedimento de diagnóstico para obter informações e dados importantes a serem usados na elaboração de um projeto e desenvolvimento de um ecomuseu.
O diagnóstico permite:
O diagnóstico consiste em várias etapas:
As principais ferramentas de diagnóstico são:
A análise de documentos é o primeiro passo para entender a situação e preparar outras atividades de intestigação. Todos aqueles documentos que possam ser úteis e fornecer informações importantes no processo de planeamento do ecomuseu (relatórios, projetos, artigos, estratégias, mapas etc.) devem ser incluídos na análise.
Os questionários de investigação permitem coletar dados quantitativos, conhecer opiniões, tendências e atitudes em relação aos recursos patrimoniais, seus valores, ideias para proteger e manter, potencial. É um bom método para atingir um público mais amplo. Existem várias técnicas para realizar o levantamento:
Uma das partes mais difíceis é projetar o questionário de forma que as perguntas sejam claramente compreensíveis e úteis para coletar os dados interpretáveis necessários. As informações coletadas tendem a ser esquemáticas e não fornecem uma imagem completamente coesa, mas mostram as opiniões compartilhadas por um grupo mais amplo de partes interessadas (stakeholders).
Para aprofundar o conhecimento e entender melhor os processos, recomenda-se planear uma série de entrevistas com grupos de pessoas que possam fornecer pontos interessantes, novas perspetivas e lançar uma nova luz sobre a situação e possíveis direções no desenvolvimento do ecomuseu. As entrevistas devem ser realizadas de acordo com o cenário previamente preparado, mas esta técnica permite introduzir mais perguntas e seguir novas ideias propostas pelo interlocutor. As entrevistas são a fonte de dados qualitativos. As entrevistas podem ser conduzidas de duas formas:
A observação é um método de estudo planeado e regular de fenômenos e questões direta ou indiretamente relacionados ao objeto de investigação ou que o influenciam. Muitas vezes é subestimado e negligenciado como método de coleta de dados. No entanto, permite um olhar objetivo sobre a situação, desvinculado de qualquer forma de avaliação ou sentimento subjetivo. É importante realizar observações sistematicamente, pois graças a isso as tendências podem ser distinguidas de eventos isolados. As informações coletadas são confiáveis e têm valor de investigação.
Durante o diagnóstico vale a pena:
Os dados recolhidos devem ser analisados e interpretados tendo em conta o plano de desenvolvimento do ecomuseu e as potenciais ideias e soluções definidas para atingir o objetivo. Os resultados do diagnóstico são conclusões e recomendações ordenadas. Todos os dados em números e as opiniões mais relevantes que serviram de base para as conclusões e recomendações devem ser apresentados em um relatório de diagnóstico. O diagnóstico deve permitir, por exemplo:
Compreensão dos seguintes pontos:
A interpretação do património é uma atividade educacional que visa revelar significados e relações por meio do uso de objetos originais, por experiência em primeira mão e por meios de comunicação ilustrativos, em vez de simplesmente comunicar informações factuais – de acordo com a definição de Freeman Tilden, que estabeleceu os princípios e teorias de interpretação do património em seu livro de 1957 – Interpreting Our Heritage. Seu trabalho com o Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos (NPS) inspirou gerações de intérpretes em todo o mundo e continua a ser um texto definitivo para a disciplina.
Diferença entre interpretação patrimonial e informação:
De acordo com Freeman Tilden, “Informação não é necessariamente interpretação, porém toda interpretação do património contém informação”. A interpretação eficaz do património não é sobre o que você diz para um público, mas sim a maneira como você diz ou apresenta. As informações apresentadas aos visitantes são apenas isso, fatos diretos; dados, especificações, categorias, números e datas. A interpretação do património é um processo direcionado ao objetivo e focado no público que alcança resultados. A interpretação usa técnicas de marketing e publicidade, estratégias de jornalismo e uma série de outras ferramentas para fornecer um resultado interpretativo. Uma interpretação bem executada é uma experiência de aprendizagem recreativa divertida, inspiradora e motivadora.
O objetivo da interpretação é melhorar e enriquecer a experiência dos visitantes dos sítios, ajudando-os a entender o significado do lugar onde estão e conectando esses significados às suas vidas pessoais. Ao tecer histórias temáticas convincentes sobre fenômenos ambientais e eventos históricos, os intérpretes levam os visitantes a aprender e pensar sobre suas próprias experiências. A interpretação eficaz permite que os visitantes façam associações entre as informações recebidas e suas perceções anteriores. A interpretação é frequentemente usada por agências governamentais e ONGs para promover a gestão ambiental das terras que administram.
Em seu livro de 1957, “Interpreting Our Heritage”, Freeman Tilden definiu os seis princípios da interpretação:
A comunicação interpretativa ou comunicação para a interpretação do património não é simplesmente uma forma de apresentar informação. A interpretação do património é um processo de comunicação específico que é usado para traduzir informações brutas, da linguagem técnica do especialista para a linguagem cotidiana do público, de forma inspiradora e envolvente, para fomentar transformações duradouras e profundas no público.
O processo de comunicação interpretativa é muito mais do que a disponibilização de alguns painéis em torno de um património. A comunicação na interpretação do património é um processo abrangente e amplo que atinge profundamente as pessoas em um nível muito pessoal e significativo e deixa uma impressão positiva e duradoura que muda a maneira como as pessoas entendem e pensam sobre as coisas. A interpretação do património é uma filosofia, uma técnica de ensino, uma estratégia de engajamento e uma ferramenta de gestão.
Ao tentar entender o que é interpretação, é útil olhar para um modelo de processo de interpretação. Esse processo desenvolvido pela equipe do HDC é conhecido como Modelo de Interpretação Veverka ou Processo Interpretativo Veverka.
Missão e Objetivos | O 'por quê?' O que você deseja que seus programas ou serviços interpretativos realizem? |
Tema, Mensagem e Histórias | O ‘quê?’ Qual é a principal mensagem interpretativa que você deseja que os visitantes deixem em seu programa ou atividade – e LEMBREM-SE? |
Visitante | O ‘quem?’ Quem é o seu público-alvo – pescadores, velejadores, grupos escolares, residentes locais, turistas tradicionais, etc. |
Media e Serviços | Depois de definir os seus objetivos, o seu tema e já conhecer o seu público-alvo, você precisará se relacionar com a próxima parte do processo de planeamento. Agora você precisa determinar o método para apresentar o programa e atingir os seus objetivos. Isso pode incluir: programas ao vivo, exposições no centro de visitantes, painéis interpretativos, trilhas autoguiadas ou outros serviços/mídia. |
Implementação e Operações | Essa parte do processo de planeamento é onde você determina exatamente o que será necessário para fazer o programa ou serviço acontecer. Quais auxiliares de ensino você precisará para apresentar o programa? Algum material de apostila ou anexos? |
Avaliação e Feedback | Parte do processo interpretativo envolve a avaliação para ver se os objetivos do seu programa foram alcançados. Existem várias maneiras de obter feedback. |
A seguir estão 12 boas razões pelas quais a interpretação do património é um elemento crítico no sucesso ou fracasso dos sítios patrimoniais
Modelos de gestão de ecomuseus (sistema de gestão, equipe, comunicação e financiamento)
Modelos de funcionamento do ecomuseu. O que o Ecomuseu oferece em educação, turismo, desenvolvimento local
O processo de planejamento deve incluir vários aspectos da operação e gestão do ecomuseu e deve se adequar às circunstâncias locais (por exemplo, património, recursos humanos e institucionais).
O conteúdo depende dos objetivos do ecomuseu, recursos patrimoniais, infraestrutura disponível, público, programa educacional, oferta turística.
Uma das questões mais importantes é a definição dos objetivos do ecomuseu. Eles determinarão o perfil do ecomuseu, direções de desenvolvimento, atividades, estrutura e sistema de gestão. Os objetivos dependem da situação e circunstâncias locais, recursos patrimoniais e seu estado, líder do ecomuseu e parceiros.
EXEMPLOS DE OBJETIVOS DO ECOMUSEU |
|
Cada ecomuseu deve definir seus objetivos e missões individuais. Mesmo que possam parecer óbvios para os líderes, os objetivos e a missão devem ser especificados e escritos.
Na fase de diagnóstico do património local, os recursos são identificados e analisados. Este é o ponto de partida para projetar quais recursos serão a base do ecomuseu e de que forma serão interpretados e compartilhados. Existe uma ampla gama de ferramentas e tecnologias a serem usadas para interpretar o património.
POSSÍVEIS FERRAMENTAS INTERPRETIVAS |
|
RECURSOS TECNOLÓGICOS POSSÍVEIS |
|
A escolha de ferramentas e tecnologias dependerá do caráter do património, recursos humanos, fundos, infraestrutura disponível, grupos-alvo….
Ao projetar um ecomuseu, é importante definir o público potencial. Na interpretação do património, a mensagem deve ser formulada e fornecida de maneira relevante para o segmento específico selecionado de audiência.
Grupo alvo | Necessidades específicas |
Crianças | O programa deve ser personalizado para várias faixas etárias, considerando o nível de conhecimento e habilidades |
Jovens | O programa deve ser adaptado de forma atraente para este grupo (por exemplo, desafiador, incluindo competições) |
Seniors | O programa deve levar em consideração possíveis limitações |
Famílias | O programa deve estimular atividades em comum, envolvendo todos os membros da família |
Comunidade Local | O programa deve incluir possibilidades de intercâmbio e cooperação |
Estrangeiros | O programa deve incluir a comunicação em língua estrangeira (dependendo do potencial público internacional) e informações adicionais (background histórico e cultural) |
A infraestrutura inclui todos os tipos de espaços internos e externos que podem ser usados para os fins do ecomuseu. Seu diagnóstico deve mostrar as potencialidades e necessidades. O próximo passo é avaliar quais recursos estão prontos para serem utilizados, e quais precisam de adaptação ou criação. As necessidades dependem das atividades planejadas e do caráter dos recursos patrimoniais a serem interpretados e compartilhados.
Infraestrutura interna | O espaço interno pode ser usado para exposições, coleções, biblioteca, local de workshop, local de treinamento/seminários, reuniões, administração, filmes/apresentações, performance teatral, arquivo, loja, etc. Também pode incluir edifícios para fins especiais (por exemplo, moinhos, forjas, castelos, padarias, fábricas, minas etc.) que podem exibir espaços equipados autênticos. |
Infraestrutura externa | O espaço exterior pode incluir: jardins, parques, trilhos, percursos educativos, paisagismo específico, traçados urbanos ou rurais, monumentos, cemitérios, sítios arqueológicos, apiários, etc. |
A interpretação e utilização das infraestruturas existentes devem seguir o conceito geral do ecomuseu.
Recursos humanos específicos são necessários para desenvolver o ecomuseu e seu programa educacional. Eles incluem não apenas especialistas em determinadas áreas e campos, mas também pessoas com habilidades, prática, experiência e talentos específicos. Você pode consultar o programa do ecomuseu com profissionais internos e externos, mas também precisará da comunidade local para desenvolver conhecimentos, habilidades e experiências específicas.
Especialistas e inves-tigadores | Este grupo inclui um amplo escopo de profissionais, por ex. museólogos, arqueólogos, etnógrafos, historiadores, regionalistas, especialistas em turismo e educação (pedagogos) mas também especialistas em gestão e marketing. Você também pode cooperar com profissionais especialistas em interpretação do património. Também é importante ter os programas especiais para cooperar com os seniores, uma vez que são depositários de um conhecimento, habilidades e experiências que desaparecem. |
Comunidade local | Você pode procurar artistas locais, artesãos, agricultores, produtores, bem como pessoas que cultivam tradições, costumes, músicas, canções, danças, jogos locais. É importante cooperar com pessoas que colecionam histórias locais, lendas, contos de fadas – talvez haja contadores de histórias talentosos. Você pode incluir festivais, feiras e apresentações locais, bem como cooperar com grupos de reconstrução histórica. |
A cooperação de vários especialistas, técnicos, profissionais e voluntários é necessária para entregar valores educacionais confiáveis, conhecimentos e habilidades de forma atraente e envolvente.
A evolução do ecomuseu também deve estar voltada para o desenvolvimento dos recursos humanos. O programa deve ser baseado na monitorização sistemática das necessidades e adaptado de acordo com elas. Vários métodos e ferramentas educacionais podem ser usados:
Treinamentos regulares – organizados para funcionários e voluntários do ecomuseu, bem como participação em treinamentos disponíveis (pagos ou gratuitos) |
Cursos online – há mais possibilidades de participar nos cursos e seminários online organizados por um vasto leque de especialistas (e.g. e-learning) |
Materiais de orientação – acesso a todos os tipos de literatura e manuais profissionais |
Treinamento online (por exemplo, webinar, tutoriais, vídeos) – promova e incentive a participação em vários treinamentos online |
Assistência especializada no desenvolvimento de novos projetos – encontrar especialistas que possam auxiliar em novos empreendimentos, esp. introdução de métodos e abordagens inovadoras. |
Troca de conhecimentos e experiências – organização de visitas de estudo a museus e ecomuseus, organização/participação em conferências e seminários. |
Além disso, o ecomuseu pode cooperar com serviços e instalações turísticas típicas, como acomodações, restaurantes e serviços de alimentação, bem como outros na área, por exemplo, aluguel de bicicletas. No entanto, é importante que esses lugares respeitem e promovam a cultura e as tradições locais (por exemplo, use recursos locais, sejam ecologicamente corretos, respeitem a paisagem cultural local, ofereçam culinária local, etc.).
A gestão inclui vários aspetos da organização e funcionamento do ecomuseu como: caráter institucional, processo decisório, recursos humanos, comunicação, finanças, relação com a comunidade.
O caráter institucional depende das condições e possibilidades locais. Pode representar:
Vale ressaltar que a Itália é o único país que elaborou uma lei específica relacionada ao ecomuseu.
O processo decisório depende do caráter e da estrutura institucional adotada. Como o ecomuseu lida com o património valioso da comunidade, é importante usar regras democráticas e aplicar mecanismos de participação pública envolvendo a sociedade em geral no processo. A estrutura do ecomuseu pode incluir:
Cada ecomuseu pode desenvolver outras unidades estruturais para tornar o sistema de operação e gestão mais eficiente e eficaz.
A comunicação é uma das principais questões na gestão do ecomuseu. Deve ser bem planeada e implementada sistematicamente. Inclui comunicação interna (dentro da equipe do ecomuseu e todos os envolvidos, por exemplo, voluntários) e comunicação externa tanto com a comunidade quanto com o público do ecomuseu.
Materiais impressos: folhetos, cartazes, mapas, livros, guias |
Site oficial, mailing lists, blogs, guias eletrônicos |
Newsletter |
Aplicações de telemóvel |
Materiais de audio e video |
Social media: Facebook, Twitter, Instagram, Pinterest, WhatsApp |
Cooperação com bloggers, influencers, instagramers |
Reuniões, seminários, conferências |
Networking |
A lista de métodos, ferramentas e canais é aberta e os ecomuseus devem adaptá-la para que seja relevante para os grupos-alvo e a mensagem a ser transmitida seja efetiva.
Para gerir as questões financeiras, o ecomuseu deve em primeiro lugar definir quais são os seus custos permanentes (ex. pessoal, manutenção) e os seus custos ocasionais (ex. organização de eventos, formação, edição de publicações). É essencial estimar o custo necessário para planear a captação de recursos e planear o orçamento do ecomuseu.
A capacidade financeira do ecomuseu depende de seu status e estrutura. Os ecomuseus diferem entre si neste aspeto. Enquanto alguns deles têm financiamento permanente e um orçamento anual regular, o funcionamento de outros é baseado em projetos e seu orçamento pode flutuar periodicamente, dependendo da sua atividade e eficácia. Ter o orçamento baseado em projetos significa um grande grau de independência para o ecomuseu, mas pode ser arriscado caso não seja eficaz na captação de recursos.
Em geral, os ecomuseus usam diversas fontes de financiamento:
Recursos externos (subsídios, doações e subvenções de várias instituições, organizações e empresas) |
Recursos próprios (por exemplo, taxas de adesão, receitas de prestação de serviços e produtos) |
Recursos comunitários (ex. doações, trabalho voluntário) |
Projetos de competição nacionais (grants) |
Projetos de competição internacionais (grants) |
Recursos de leis de patrocínio cultural (subvenções) |
O Ecomuseu depende de uma instituição externa (pública ou privada) |
No processo de planeamento para o desenvolvimento do ecomuseu, uma questão importante é construir e manter relações com a comunidade. Mais questões sobre este aspeto da operação do ecomuseu serão apresentadas no módulo “Participação e cidadania ativa. Processos Participativos”.
O Ecomuseu atua em uma determinada área, o que pode limitar o seu conhecimento sobre outros modelos de ecomuseus, soluções, ideias, métodos e ferramentas inovadoras. Esses conhecimentos e habilidades podem ser desenvolvidos e incrementados por meio da participação em redes. Serve também para troca de experiências e construção de comunidades de ecomuseus em vários níveis (regional, nacional, internacional). Para começar, o ecomuseu pode lançar ou participar de redes locais de entidades (públicas, privadas, sociais) para incentivar a cooperação local. O próximo passo é iniciar a cooperação com outros ecomuseus ou iniciativas semelhantes na região e no país. Se houver capacidade suficiente, os parceiros podem decidir estabelecer uma rede a tempo (recomenda-se ter uma entidade pronta para desempenhar o papel de líder/coordenador da rede). Mas você precisa estar ciente de que a participação em rede não é apenas lucrativa, mas também demanda trabalho e engajamento extra e o ecomuseu precisa de capacidade suficiente para fazer parte de uma rede.
Uma rede de instituições locais / associações |
Rede de Ecomuseus no nível regional (ex. Rede de Ecomuseus da Lombardia) |
Rede de Ecomuseus no nível estatal (ex. Fédération des Écomusées et des Musées de Société, Rede Italiana de Ecomuseus) |
Redes Internacionais (ex. plataformas internacionais EEON, DROP) |
Um bom exemplo de rede é a rede francesa – Fédération des Écomusées et des Musées de Société (https://fems.asso.fr) que reúne 139 membros que representam ecomuseus, museus comunitários e centros de interpretação. Outro exemplo é a Rede Italiana de Ecomuseus que publicou O Manifesto Estratégico dos Ecomuseus Italianos em 2017.
Existem também plataformas dedicadas aos ecomuseus para fomentar e incentivar o seu desenvolvimento, cooperação e o intercâmbio entre eles:
É importante realizar um processo de planeamento sistemático e detalhado do ecomuseu de forma participativa para:
Bryman A., (2015) Social Research Methods. Oxford University Press.
Bryson, J. M., Alston F. K. (2011), Creating Your Strategic Plan: A Workbook for Public and Nonprofit Organizations, Jossey-Bass; Edycja 3.
Goodstein, L., Nolan, T., Pheiffer, J. W. (1993) Applied strategic Planning, McGraw-Hill Company.
Sarantakos, S. (2013) Social Research. Edition Fourth. Red Globe Press. (https://books.google.pl/books?id=PCNHEAAAQBAJ&lpg=PR14&ots=t0w9PHfBM2&dq=social%20research&lr&hl=pl&pg=PR21#v=onepage&q=social%20research&f=false)
Schwenker, B., Wulf, T., Krys, Ch. (2015) Scenario-based Strategic Planning: Developing Strategies in an Uncertain World. Springer Gabler.
Taylor, K., Verdini, G. (2021) Management Planning for Cultural Heritage: Places and Their Significance, Routledge.
Tilden, F. (1957). Interpreting our Heritage. University of North Carolina Press, North Carolina.
Veverka, J.A. (2015).Interpretive Master Planning: Strategies for the New Millennium – Philosophy,Theory and Practice.
Barbara Kazior
Nunzia Borrelli, Barbara Kazior, Marcelo Murta, Óscar Navajas, Nathalia Pamio, Manuel Parodi-Álvarez, Lisa Pigozzi, Julio Seoane
Este projeto foi financiado com o apoio da Comissão Europeia. O conteúdo deste site reflete apenas as opiniões do autor, e a Comissão não pode ser responsabilizada por qualquer uso que possa ser feito das informações nele contidas.
Exceto onde estiver indicado de outra forma, o conteúdo deste site é licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International license.