Módulo de capacitação 4

Participação e Cidadania ativa. Processos participativos

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TM4: Participação e Cidadania ativa. Processos participativos

Conteúdo

Conteúdo

Introdução

Descrição do Módulo/Apresentação

Um ecomuseu é uma experiência com o objetivo de gerar engajamento social entre os habitantes de uma comunidade por meio de estratégias de participação e ativação de processos sociais. Do ponto de vista da ecomuseologia, a participação consiste em proporcionar aos indivíduos e comunidades a oportunidade de participarem nos processos de tomada de decisão sem intermediários, fundamentalmente nas políticas locais e nas questões que afetam as suas vidas. Nesse sentido, a participação é a assunção do poder político pelo cidadão, não a sua substituição, mas a criação de estruturas de democracia (cultural) direta.

No entanto, o conceito de participação é tão frágil quanto poderoso, tão resiliente quanto manipulável e permeável e tão único quanto etéreo. É um conceito tão polifônico quanto os conceitos de comunidade ou cidadania. As comunidades são diversas, assim como as formas de entender a participação, seus níveis e as metodologias para aplicá-la.

O principal objetivo deste módulo de formação é compreender o significado da participação na criação e gestão de ecomuseus. Para o efeito, o módulo está estruturado em torno de quatro questões essenciais:

  1. O que é participação?
  2. Que tipos e níveis de participação existem?
  3. Quem são os agentes envolvidos na participação?
  4. O que é o processo de participação?

Pretende-se desenvolver e aprofundar os mecanismos que permitem às comunidades serem um dos principais agentes na tomada de decisões para o desenvolvimento para o futuro. Para tal, privilegiar-se-ão os conceitos de cidadania, comunidade e participação na óptica da Nova Museologia e da sociomuseologia, as formas de organização da sociedade civil, as escalas de participação e as possibilidades metodológicas para a sua concretização.

Resultados de Aprendizagem do Módulo

Competências a serem adquiridas pelos alunos:

  1. Aquisição e compreensão de conhecimentos de participação e cidadania.
  2. Compreensão sobre os diferentes tipos e níveis de participação.
  3. Capacidade de conhecer e manusear as principais metodologias de participação comunitária.
  4. Capacidade de inovar nas estratégias e metodologias de trabalho comunitário.
  5. Aplicação dos conhecimentos adquiridos, bem como de processos participativos.
  6. Capacidade de monitorizar e avaliar estratégias de engajamento comunitário.
Unidades de Aprendizagem 1

Participação e Ecomuseologia

Breve Descrição

Esta unidade corresponde à pergunta sobre o que é a participação. O objetivo desta unidade é compreender e analisar a ideia de comunidade e participação em ecomuseus. Para tanto, analisaremos em profundidade como a ecomuseologia compreende a ideia de participação e os processos comunitários.

Participação a partir do ponto de vista de um ecomuseu

A participação cidadã no campo do património, dos museus e da cultura pode ser compreendida de diferentes formas e com diferentes escalas, dependendo do alcance que uma população pode ter nas ações e no planeamento cultural. No nosso caso, vamos entendê-lo como o envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na conceção e desenvolvimento de políticas e no empoderamento para a tomada de decisões.

O envolvimento dos cidadãos e da sociedade civil na formulação de políticas tem crescido nas últimas décadas. Este não é um fenômeno novo. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial e a democratização da cultura, as políticas unilaterais foram desaparecendo. Hoje, todo indivíduo se expressa por meio da participação, seus pilares essenciais são:

  1. A participação não é questionável. Seu modelo, alcance e processos podem ser questionados, mas a participação tornou-se um “direito” derivado diretamente de um estado democrático.
  2. A participação é um fato social. Participar é construir a sociedade e isso leva à construção cultural. A participação, em relação ao primeiro ponto, é um ato democrático.
  3. Falar de participação significa falar de multiculturalismo. Nossas sociedades não são grupos humanos homogêneos estanques ou fechados – e nunca foram – mas um emaranhado de interconexões sociais e culturais em movimento contínuo.
  4. A gestão da cultura é a gestão da participação. A gestão cultural (onde entram os museus) é a gestão de pessoas, de cidadania.

Para assumir essas premissas, devemos ter em mente que o conceito de cultura hoje e no qual se baseia a ecomuseologia: (1) é um processo social complexo que depende de inúmeros fatores, em alguns casos aleatórios; (2) está imerso na dinâmica neoliberal e de mercado, o que significa que é direta ou indiretamente mercantilizado; (3) é um território contraditório que está em contínua tensão entre o novo e o velho, identidade nacional versus identidade de grupo, intelectualismo versus popular, o que se perde e o que se preserva, etc., ou seja, a cultura não para; (4) e é um conceito e um setor contaminados, pois está intimamente relacionado com as imersões de fatores econômicos, educacionais, políticos, etc. (Baseado em López de Aguileta, 2000: 23-24).

Participação como direito dos cidadãos

A participação cidadã na elaboração, implementação e avaliação das decisões políticas não é mais uma mera opção, mas uma característica das democracias de hoje. De facto, os cidadãos assumem responsabilidades públicas voluntariamente com o objetivo de melhorar sua situação social, cultural e econômica. Além da teoria, no entanto, a realidade é de alguma forma mais difusa. Como mostra um dos últimos estudos sobre participação na Europa (BBVA Foundation’s European Mindset Study for 2010), o nível de participação política e social na Europa é relativamente baixo como um todo, embora existam diferenças importantes entre os países. Em 2010, 34% dos europeus realizaram algum tipo de atividade de participação política e social, como assinatura de petições, participação em manifestações, mobilizações, etc.). A Suécia e a Dinamarca atingiram os níveis mais elevados de participação cívica, acima dos 55%, enquanto a Bulgária e Portugal, com menos de 20%, ficaram nas últimas colocações desta classificação. Os dados são semelhantes se olharmos para a adesão a associações. As sociedades dinamarquesa e sueca atingem valores de 70% em termos de participação em grupos e associações cívicas. Os países com as taxas de participação mais baixas foram a Bulgária, a Polónia, a Turquia e a Grécia (com menos de 20%).

Esses dados nos deixam com uma lacuna entre uma parte teórica, do que são ou deveriam ser as sociedades democráticas e participativas, e uma parte da realidade onde a consciência das pessoas sobre o direito à participação e seus processos é insignificante. As sociedades pós-industriais ainda enfrentam o desafio de internalizar verdadeiramente a participação a fim de manter – se não construir – uma sociedade de bem-estar, envolvida nos assuntos públicos. Um dos principais exemplos da efetiva utilização do direito de participação e demonstração de assunção do papel social dos cidadãos nos assuntos públicos é a “revolução islandesa” de 2008-2011, onde uma sociedade que forçou a demissão de um governo, colocou no banco dos réus os responsáveis pela crise e decidiu por si mesma recusar, em referendo, a aceitação das condições que lhes foram impostas para o pagamento da dívida acumulada pelas suas empresas bancárias.

Como referido no início desta unidade, a participação não é “questionável”, mas a sua definição, associada às implicações, ao seu desenvolvimento e ao impacto na realidade de um território e nas suas condições sociais, culturais e económicas, é ampla e diversificada. Também não podemos atribuir a falta de participação a um sistema administrativo e governamental que impede esse direito. Não é que os enquadramentos administrativos e legais não permitam a participação, mas sim que os cidadãos não a exigem, o que leva a uma delegação destas funções na administração. Essa dinâmica constrange as administrações em processos padronizados e burocráticos, para os quais romper com eles significa introduzir medidas inovadoras e decisões políticas “arriscadas”.

A participação do ponto de vista dos ecomuseus fortalecerá os processos de inovação dentro das dinâmicas de governança estabelecidas, recuperando espaços de envolvimento do cidadão e, claro, de diálogo com os representantes políticos e as administrações públicas.

Unidades de Aprendizagem 2

Tipos de Participação

Breve Descrição

Esta unidade corresponde ao questionamento sobre que níveis e tipos de participação existem. A unidade visa analisar os diferentes tipos e níveis de participação que podem ser desenvolvidos com cidadãos e comunidades.

Objetivo e Metas de participação

Vimos que o conceito de participação é polissêmico e maleável. Falamos de participação social, cultural, política, comunitária, etc., sem ter exatamente clareza dos limites entre uma e outra, e sem poder, portanto, defini-los para além das pretensões e interesses de quem decidiu fazer uma ou outra taxonomia.

No nosso caso, vamos sempre nos referir à participação no campo da cultura, que obviamente tem implicações sociais e políticas. Como vimos na Unidade 1, nosso sentido de participação visa, em última instância, o empoderamento, a quebra de hierarquias e a tomada de decisões por parte da população civil.

Ilustração 1. Objetivos de abordagens participativas. Fonte: elaboração própria baseada em Delargue, 2018: 162-163.

Todos os meios de participação devem ter como objetivo gerar processos que ajudem as organizações de ecomuseus a atender às necessidades e questões de suas comunidades e territórios, e a serem capazes de se adaptar e enfrentar os desafios das sociedades atuais: justiça social, igualdade de gênero, inclusão social, colonialidade, etc. Entendemos que os processos participativos visam construir audiências de cidadãos capazes de pensar e agir (Delargue, 2018: 162-163).

Tipos de participação

Na história dos ecomuseus, a participação sempre foi uma de suas bandeiras e proclamações, juntamente com os conceitos de ‘comunidade’, ‘território’ ou ‘patrimônio’. No entanto, isso não significa que todos os ecomuseus e profissionais do ecomuseu entendam a participação da mesma maneira. Poderíamos dividir o entendimento de participação nos processos ecomuseológicos em ‘participação para legitimar’ e ‘participação para transformar’.

Ilustração 2. Tipos e níveis de participação. Fonte: elaboração própria baseada em Rowan, 2016; Varine, 1991; e Ventosa, 2002.

A participação para legitimação consiste em processos dirigidos onde existe uma entidade orientadora das ações participativas, e a população é destinatária dessas ações. Esta categoria pode ser dividida em:

  • Informação. Este é o nível mais básico de participação. A comunidade é informada sobre o projeto e as ações a serem realizadas.
  • Análise. A comunidade estuda e avalia os projetos, ações e atividades. Não só são fornecidas informações sobre o que será feito, como também são geradas fontes primárias qualitativas e quantitativas para apurar a opinião da população.
  • Iniciativa. A comunidade propõe ideias e ações. Neste nível de participação direcionada, a população é convidada para reuniões e workshops (grupos focais) para obter as suas ideias in loco e ter em conta as suas opiniões e comentários no planeamento e implementação do projeto final.
  • Apoio. A comunidade colabora em algumas ações. No último elo de participação orientada e legitimadora, pretende-se envolver ativamente os grupos e associações na concretização das atividades e ações.

A participação transformadora se baseia no protagonismo da população e de suas organizações sociais no planejamento, execução e gestão das diferentes ações. Este tipo de participação pode ser subdividido em:

  • Cooperação. A comunidade é corresponsável por algumas ações. Neste caso, a comunidade é envolvida para a cooperação nas diferentes tarefas sob a assessoria técnica de especialistas.
  • Gestão delegada. A comunidade administra sob supervisão. Uma das formas de sensibilizar a população e envolvê-la na tomada de decisões e na gestão patrimonial e territorial é através da cogestão ou gestão delegada dos espaços comunitários. A este nível, os coletivos, associações, agentes e/ou a comunidade têm plena liberdade de ação.
  • Autogestão. A comunidade é líder. Este é o nível máximo de gestão participativa da comunidade. Nesse nível, a comunidade conduz os processos, o planeamento e a gestão das ações e atividades. Considera-se o nível de pacto democrático e de diálogo horizontal entre os atores (públicos e privados) e a comunidade.

Ao gerir a participação dos ecomuseus, iremos sempre assumir que o objetivo final é alcançar um estatuto de autarquia, ou seja, o nível de participação de “autogestão” ou, na sua falta, de “gestão delegada”.

Unidades de Aprendizagem 3

Organização Social e Espaços para Participação

Breve Descrição

Esta unidade corresponde à questão de quem participa. O objetivo é analisar e compreender os espaços de representação e poder da sociedade civil. Se os ecomuseus fossem enquadrados num contexto global específico: os anos sessenta e setenta do século XX; a deriva da pós-modernidade fez com que as dinâmicas sociais evoluíssem e se transformassem. Assim, abordaremos, entre outros aspetos, os agentes envolvidos, as organizações coletivas, os espaços comunitários e de cogestão.

Participação cidadã e accountability

Até esta unidade falamos sobre o que é a participação, as suas tipologias, níveis e o que é considerada participação para os ecomuseus, mas: podemos participar e que implicações pode e/ou deve ter esta participação?

A existência de uma sociedade civil sólida, que é na verdade a espinha dorsal da democracia, marcada pela preocupação com a solidariedade humana, é condição obrigatória para a participação do laço que temos vindo a desenvolver. Isso significa a participação nas esferas culturais locais por meio de técnicas participativas, restringindo o papel dos especialistas e convidando a população e os cidadãos diretamente afetados pelas questões a serem abordadas (Mayrand, 2004; Varine, 1989, 1991 e 2017).

A participação tem sempre uma razão e um objetivo. Cabe aos membros da comunidade identificar as necessidades e os problemas de seu meio ambiente e da sociedade e assumir a liderança para enfrentá-los. Para tanto, entendemos a participação como um ato de responsabilidade cidadã e um ato de democracia direta em oposição à delegação. Hugues de Varine explicou-o da seguinte forma:

“Tudo o que acontece no nosso quotidiano é como se tivéssemos abdicado das nossas responsabilidades sociais a especialistas formados para o efeito (…). Daí resulta que todas as decisões fundamentais são tomadas fora de nós, enquanto a sua implementação está sujeita a regras que se impõem umas às outras (…) para o nosso próprio bem. Eles nos dizem como viver e morrer, como conduzir nossas relações com os outros ou com o meio ambiente, como consumir, como trabalhar, como usar nosso tempo livre. Eles nos protegem de nós mesmos e dos outros, dos riscos ambientais e até do imprevisto” (Varine-Bohan, 1991: 17-18).

A participação na gestão dos assuntos públicos é um direito dos cidadãos para além da sua participação como eleitores de representantes políticos. O papel social de um indivíduo – o tempo social que esse indivíduo consagra – depende do grau de consciência no sentido, conforme entendido por Paulo Freire, que se refere à capacidade de exercer uma consciência de domínio de si mesmo, de seu presente e futuro, de não ser mais um objeto, mas o sujeito do próprio desenvolvimento e da própria condição humana (Varine-Bohan, 1991: 75). Essa compreensão da participação como forma de autogestão do tempo pessoal está diretamente ligada ao direito à cultura e à liberdade cultural conforme os Direitos Universais (UNESCO, 1948). A liberdade cultural é alcançada em um indivíduo por meio de um processo que vincula emoção com conhecimento crítico, e cada indivíduo com seu território. Atrevemo-nos mesmo a dizer que, sem dúvida, é necessária uma responsabilidade individual para conquistar essas liberdades.

Espaços para participação

Onde os cidadãos podem exercer seu direito à liberdade cultural? Onde se pode exercer a participação cidadã? Na ecomuseologia, a participação é realizada considerando os espaços patrimoniais como comunitários. Os espaços comunais pertencem às teorias comunais:

“Quando dizemos que tudo que é de todos e de ninguém ao mesmo tempo pertence ao comum, estamos pensando em um bem que é retirado do mercado e que, consequentemente, não se rege por suas regras. Os bens comuns não podem ser assimilados à noção de mercadoria. Assim também acontece com o património, constituído por todos aqueles bens (pinturas, livros, vestígios arqueológicos, mas também rochas ou plantas) que preservamos em museus, bibliotecas ou jardins botânicos” (Lafuente, 2007: 15).

A propriedade coletiva ainda está viva e presente na legislação atual. Por exemplo, o artigo 132 da Constituição espanhola estabelece que a lei regulará o regime jurídico dos bens comunais, inspirando-se nos princípios da inalienabilidade, imprescritibilidade e impenhorabilidade. Por que o património cultural não pode ser regulamentado como um bem comum? Isto poderá contribuir para a criação de instâncias de decisão política horizontais e democráticas, apoiadas na sua gestão por diferentes agentes e instituições sociais: técnicos do património, juristas, Igreja, cidadãos, etc.

Uma solução é facilitar a gestão compartilhada desse património com organizações civis com objetivos sociais e com empresas do setor da economia social. Uma mudança na definição de património, não como um bem público, mas como um bem coletivo, comum, poderia ajudar a facilitar esse processo. A diferença é que a primeira está associada ao Estado e a responsabilidade por sua gestão cabe exclusivamente às administrações. A segunda pertence a uma “comunidade” que cuida e faz uso dela; não é apenas pública (compartilhada), mas também comum, e isso torna necessário estabelecer fórmulas consensuais de gestão, abrindo a participação a mais atores: a cidadania, por meio de associações, conselhos de bairro, fundações, cooperativas, etc. Este património é inalienável, como o eram, por exemplo, as matas comunais. Desta forma, qualquer receita gerada será sempre reinvestida para fins sociais e sem fins lucrativos. Se houver alguma utilidade, será por algum tipo de organização, fundação ou comunidade local, que podemos agrupar sob o nome de “empresas sociais de cultura e conhecimento”. Em contraste, a privatização da esfera pública, que é a solução proposta pela atual agenda neoliberal diante da crise da dívida do Estado, resulta na exploração de recursos coletivos para fins puramente lucrativos, em que as comunidades locais não costumam participar como sujeitos ativos. Estamos falando aqui das chamadas “indústrias culturais”, nas quais a cultura é tratada como mero objeto de consumo.

Por tudo isso, acreditamos que é fundamental colocar em movimento processos de experimentação e inovação social configurados como “empreendimentos sociais de conhecimento”. Isso significa que entendemos os espaços em três dimensões: (1) como “empreendimentos”, porque são geridos segundo uma racionalidade econômica, como desenvolvimento para a comunidade; (2) “sociais”, porque se baseiam em um modelo de gestão comunitária e não visam fins lucrativos; (3) e “de conhecimento” porque a ciência e a tecnologia são centrais no processo de pesquisa e, como apontaram Rivard e Mayrand, é um processo de Cultura Crítica, em que o conhecimento técnico e acadêmico converge com o conhecimento da comunidade. Tudo isso nos oferece um cenário propício para considerar a participação comunitária nos ecomuseus como um “laboratório”, “concebido, implementado e liderado por uma organização civil. Estamos, portanto, falando de tecnologia e inovação, mas não de uma “base tecnológica”, mas de uma “base social”, cívica, localmente ancorada e aberta. Pretende-se fazer do património o argumento central em torno do qual se põem em movimento todos estes processos de inovação social” (Fernández, Alonso e Navajas, 2015: 118).

Unidades de Aprendizagem 4

Processos Participativos

Breve Descrição

Esta unidade corresponde à questão de como se faz a participação. Serão explicadas as diferentes etapas para desenvolver um processo participativo.

Planeamento participativo

Definimos todos os processos de planeamento participativo como uma estratégia destinada a promover ou potenciar o impacto e o envolvimento dos cidadãos nas políticas públicas. Devemos ter em mente que o ponto de partida da participação cidadã não é metodológico (como realizá-la), mas político (para o que se promove) e que envolve valores (objetivos políticos) gerando um processo educativo para a sociedade. Recordemos neste ponto que do ponto de vista ecomuseológico, a participação não é uma opção, mas uma “razão de ser”.

O objetivo de um processo de planeamento participativo é estabelecer vínculos de comunicação entre os diferentes agentes comunitários (públicos e privados) e a própria comunidade, estabelecer um espaço de decisão democrática que sirva para construir um futuro comum e gerar consciência e cooperação – responsabilidade entre os agentes e a comunidade pela gestão e desenvolvimento territorial e comunitário. Trata-se de um processo de autarquia comunitária e que é a comunidade que faz parte do processo de tomada de decisão que envolve as políticas futuras.

Uma das formas de realizar o processo de planeamento da participação é através das cinco fases a seguir:

Fase 1: Por que e com que propósito realizamos o processo participativo?

Na gestão comunitária, e especificamente na criação de ecomuseus, é fundamental nos perguntarmos por que queremos gerar um processo de participação comunitária. Os ecomuseus comunitários são entidades que partem da ideia de transformar a realidade social em que estão inseridos, amenizando as necessidades e problemas que são diagnosticados no território. Assim, o “para quê” torna-se uma questão transcendental no projeto ecomuseológico. Um projeto de longo prazo, cujo objetivo é o desenvolvimento territorial e comunitário e que envolva a comunidade em todas as suas vertentes, não deve limitar-se a uma visão de curto prazo ou a objetivos que visam a tradicional atomização da gestão dos bens patrimoniais.

Nesta primeira fase deverá ser criado um grupo promotor, composto pelos membros da comunidade e agentes que promoveram a iniciativa do ecomuseu e também por aqueles que pretendem estabelecer o objetivo principal e a meta a atingir no processo participativo.

Fase 2: Quem vai (e quem não vai) participar do processo?

Uma vez definido e focalizado o objetivo final do processo participativo, é necessário estabelecer os atores que irão intervir. Desde seus primórdios, a teoria ecomuseológica instituiu que os ecomuseus são um pacto entre os diferentes agentes públicos e privados e a própria população (Maggi, 2004 e 2006), o que significa que a população deve participar, juntamente com os técnicos, dos diferentes grupos do ecomuseu, desde o planejamento das atividades até a execução, gestão e avaliação (Mayrand, 2004, Varine: 1991 e 2017).

Claro, devemos nos afastar das suposições utópicas de que toda a população participará. Quando falamos de comunidade estamos realmente falando de diversas comunidades, assim como quando falamos de processo participativo estamos realmente nos referindo a uma multiplicidade de processos que podem envolver toda a população ou diferentes grupos dentro da comunidade (jovens, adultos, mulheres, etc.).

Dependendo do objetivo estabelecido na Fase 1, devem ser realizadas reuniões informativas, grupos de discussão, oficinas colaborativas para detetar os agentes e membros da população que desejam e irão participar, bem como as características de sua participação: conhecimento, tempo de dedicação e comprometimento, etc. É importante lembrar que esses membros ativos também serão os destinatários finais das ações desenvolvidas.

Finalmente, a “não participação” deve ser levada em consideração. Os atores e membros da população que estão relutantes em participar do projeto são um setor crucial para considerar os parâmetros do projeto participativo e quais são as circunstâncias que os levam à não participação.

Fase 3: Como vamos fazer isso?

O processo de planejamento participativo pode abranger todo o projeto do ecomuseu (ver módulo 3), ou ações e atividades específicas. Dependendo das diferentes ações a serem realizadas, uma metodologia diferente será estabelecida. As metodologias a utilizar são desenvolvidas na unidade 5 deste módulo.

Fase 4. Quando e onde vamos realizar o processo participativo?

A metodologia estabelecida na Fase 3 do processo indicará os tempos e espaços necessários para desenvolver o processo participativo. Para o planeamento temporal, recomenda-se a elaboração de um cronograma de ações, objetivos e agentes encarregados de realizá-los. Isso nos permitirá controlar as ações e o processo de execução. Ferramentas como o Canvas são interessantes para se ter uma visão global do planeamento.

Em termos de espaços, devemos considerar aquelas localizações do território que são favoráveis para o desenvolvimento das ações e que de alguma forma estão ligadas à identidade da população. Da mesma forma, o diálogo e a colaboração com agentes públicos e privados são fundamentais para ter acesso a uma diversidade de espaços. A escolha dos espaços físicos onde decorrerá o processo participativo é de enorme importância na resposta e dinâmica das pessoas que participam, pois serão espaços de identidade e memória coletiva no futuro.

Fase 5: Que recursos utilizaremos?

Qualquer processo participativo resulta na utilização de uma metodologia específica de ação comunitária, o que implica, em última instância, a alocação de recursos para sua realização. O acesso ou a disponibilidade de diferentes recursos condicionará o próprio processo participativo, mas não a sua essência ou a finalidade estabelecida na Fase 1.

Precisamos definir quantitativamente os seguintes aspectos:

  • Recursos humanos. Equipe técnica necessária para aconselhar e monitorizar o processo participativo.
  • Recursos financeiros. Estabelecer possíveis fontes de financiamento e/ou alternativas para a implementação do projeto, em caso de inexistência ou insuficiência de recursos.
  • Tecnologias. Elementos e dispositivos tecnológicos, bem como ações digitais necessárias de acordo com a metodologia a ser utilizada.
  • Recursos materiais. Planear todos os materiais consumíveis e inventariáveis necessários para a implementação do processo participativo.
Unidades de Aprendizagem 5

Metodologias Participativas

Breve Descrição

A última unidade de aprendizagem segue a linha da anterior e centra-se no desenvolvimento e explicação das várias metodologias participativas: Oficinas Participativas, Laboratórios Cidadãos, etc.

Oficinas participativas e colaborativas

As oficinas são espaços de contraste e debate e também marcos de construção de identidade coletiva, principalmente graças aos membros mais velhos da comunidade. Concebidas como espaços de partilha de saberes através da experiência dos componentes da comunidade, estas oficinas servirão para recuperar e potenciar, numa perspetiva participativa, o saber direto dos membros do grupo comunitário. As oficinas são espaços de contraste e debate e também marcos de construção da identidade coletiva por meio do exercício da memória oral, especialmente graças aos mais velhos da comunidade.

Museografia comunitária

A exposição é um instrumento essencial para apresentar o património e investigar novas linguagens e técnicas museológicas. Com vista ao desenvolvimento de um ecomuseu, a exposição posiciona-se como um dos métodos mais úteis de apropriação patrimonial e de diálogo entre a comunidade e os técnicos-especialistas. A exposição inicia o processo de ação comunitária que conduz à sensibilização patrimonial e à construção de uma identidade através da qual a comunidade se envolve na tomada de decisões sobre o seu futuro e o do seu território. Em conclusão, o espaço museológico (comunitário) torna-se um laboratório social e cultural. Em suma, uma exposição é uma estratégia de conhecimento e comunicação que, do ponto de vista comunitário, é um método de partilha, colaboração e participação com os membros da comunidade. Deve, portanto, gerar mais perguntas, interrogações e diálogos do que respostas e narrativas fechadas.

Diagnóstico Participativo

O diagnóstico participativo é uma das ferramentas assumidas como essenciais pela maioria dos ecomuseólogos (Pierre Mayrad, Raul Méndez, Hugues de Varine, etc.), mas também é mais complexo. O diagnóstico deve ser uma das fases iniciais na criação de um ecomuseu, pois envolve pesquisar, analisar e refletir sobre: o território, o património, a identidade cultural, os problemas e necessidades do território e da comunidade. Em termos administrativos e empresariais, estaríamos perante uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) e uma análise PEST (Política, Economia, Sociedade, Tecnologia); porém, no caso dos ecomuseus, isso deve ser feito de forma colaborativa e horizontal. Técnicos e especialistas devem interagir com a população e envolvê-la para realizar um diagnóstico realmente eficaz.

Mapas Comunitários / Mapa Paroquial

O antecedente direto dos mapas comunitários pode ser encontrado nos Mapas Paroquiais. A versão anglo-saxônica foi explorada pelos ecomuseus seguindo as ideias de património para a vida de Hugues de Varine (2017) e Pierre Mayrand (2009). O mapeamento comunitário ou, se preferir, o inventário comunitário é a principal ferramenta para que as comunidades locais tomem consciência do seu próprio território e do seu património. É também uma das etapas preliminares para a interpretação do património do território do futuro ecomuseu.

Investigação-Ação Participativa

A Investigação-Ação Participativa (IAP) é uma ferramenta que visa potencializar a participação e a colaboração dos membros da comunidade em ações voltadas para a transformação local. Isto implica que as pessoas devem ser parte ativa em todos os processos de intervenção, bem como na tomada de decisões. Este tipo de pesquisa visa levar em conta as necessidades e problemas sociais, mas cujas ações são realizadas por iniciativa cidadã. As suas raízes metodológicas e teóricas encontram-se nos processos pedagógicos de Paulo Freire, na sociologia militante de Orlando Fals Borda, no desenvolvimento comunitário e nos pressupostos da Cultura Crítica da Nova Museologia e da Sociomuseologia.

Cocriação

A cocriação é uma forma de gerenciamento compartilhado de projetos. Seu propósito é baseado na inovação colaborativa. Esse conceito baseia-se na partilha de ideias com coletivos e associações locais com o intuito de gerar projetos partilhados e inclusivos.

Laboratórios educativos e de ação social

Espaços de trabalho colaborativo, desenvolvidos por técnicos, profissionais e entidades sociais e comunitárias. O principal objetivo é gerar material pedagógico com visão de inclusão social, responsabilidade e compromisso com os mais vulneráveis ou menos representados, principalmente nas atividades desenvolvidas pelo museu. Para tal, a cooperação com os agentes sociais (locais) é essencial .

Laboratório Cidadão

Um laboratório cidadão é um espaço colaborativo para a produção, investigação e divulgação de projetos culturais. Esses laboratórios exploram formas de aprendizado, inovação e experimentação comunais. O objetivo é partir de uma ideia que possa ser desenvolvida de forma comunitária e que tenha impacto direto na realidade social.

Os laboratórios cidadãos baseiam-se na geração de propostas dos cidadãos, com a adição de colaboradores; isso gera protótipos e comunidades de aprendizagem. Todo o processo de um laboratório cidadão é documentado (com licença aberta) para que possa ser utilizado por outras comunidades: investigadores, produtores, outras iniciativas cidadãs, administrações, etc.

METODOLOGIA

NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO

Oficinas Participativas e Colaborativas
  • Cooperação
  • Apoip
  • Iniciativa
Museografia Comunitária
  • Autogestão
  • Gestão delegada
  • Cooperação
Diagnóstico Participativo
  • Autogestão
  • Gestão delegada
  • Cooperação
  • Apoio
Mapas Comunitários / Mapas Paroquiais
  • Autogestão
  • Gestão delegada
  • Cooperação
  • Apoio
Investigação-Ação Participativa
  • Autogestão
  • Gestão delegada
Cocriação
  • Autogestão
  • Gestão delegada
  • Cooperação
  • Apoio
Laboratórios de Ação Educacional e Social
  • Cooperação
  • Apoio
  • Iniciativa
  • Análise
  • Informação
Laboratório Cidadão
  • Autogestão
  • Gestão delegada
OBJETIVOS:
  • Dar voz a todos.
  • Formar cidadãos capazes de engajar, pensar e agir.
  • Novos temas e diversificação das fontes de conhecimento, ouvindo e tendo em conta todos os cidadãos, na sua grande diversidade.
  • Criar dinâmicas de ação em torno do património.
  • Construir relações sociais fortes dentro das comunidades.
  • Constituir comunidades de pensamento, ou seja, “formar uma sociedade”.

 

Fonte: Elaboração própria.

Bibliografia

Páginas web con projetos:

Referências bibliográficas

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